O desejo da escritura em Adília, leitora de Barthes 2 de xul. de 2021
O desejo da escritura em Adília, leitora de Barthes
Conferência
Nesta comunicação, pretende-se, com base na leitura de poemas das obras Manhã (2015), Bandolim (2016), Z/S (2016), Estar em casa (2018) e Dias e Dias (2020), examinar o lugar da poeta-leitora que, ao ler-apropriar-escrever, mostra-se atenta a diferentes temporalidades textuais. Os jogos de referenciais na escrita adiliana fazem com que o poema funcione como uma espécie de máquina-leitora-apropriativa em continuum que exige o “leitor total” a que Barthes se refere: aquele leitor que, ao ler, escreve textos, dispersa-se em possibilidades plurais de sentido que disseminarão no prazer e no desejo da escritura. Tal como Barthes, Adília possibilita aos leitores da sua própria textualidade a aventura de ler de outro lugar, dando-lhes liberdade de sentir o gozo individualizado. Nesse sentido, essa leitora de Barthes almeja que seu leitor, também, desenvolva “[...] o desejo que o escritor teve de escrever, ou ainda: [...] o desejo que o autor teve do leitor enquanto escrevia, [...] o ame-me que está em toda escritura” (BARTHES, 2004, p. 39). Nas últimas publicações da poeta, principalmente em Manhã, Estar em casa e Dias e Dias, ver-se-á a ficcionalização da personagem leitora que é flagrada, de forma fragmentada, em momentos de flashbacks de leituras de diferentes universos discursivos, o que reafirma a filiação de Adília à noção de desejo de escritura barthesiana.
Fonte: https://adilialopes.webs.uvigo.gal