"Enquanto danso, rezo pela paz. Enquanto danso, descanso": a coreografia vital de Adília Lopes num mundo desencantado 30 de xuño de 2021

Recordando o “slogan” axiomático colocado em epígrafe do seu último livro Dias e Dias (2020), - “a poesia desentropia” - e o uso já recorrente de fotografias retratando Adília / Maria José, interessar-nos-á analisar as valências do axioma que apontam, não só para o eixo temático da obra adiliana “entropia/”desentropia” (Baltrusch e Almeida, 2003; Baltrusch, 2008), como, a nosso
ver, para uma reflexão profunda, de cariz filosófico, que tem atravessado o binómio Adília & Maria José, com especial ênfase a partir do livro Manhã (2015), confirmada pela permutabilidade evidenciada por Adília e Maria José e pelos textos em que a poetisa discorre sobre a dança. Com efeito, a construção da firma Adília & Maria José, firma entendida no seu duplo sentido de assinatura e de empresa (Martelo, 2019), expõe uma subjetividade em processo e em mutação constante. Apoiados na etimologia da palavra “entropia”, “mudança, volta”, e da sua representação na Física pela letra S, cremos que a dansa, grafada igualmente com “S”, que surge em textos longos, de pendor metarreflexivo e filosófico, significa mais do que a simples e habitual performance do duo Adília & Maria José, pois na dansa, pseudónimo e criadora aparecem sem limites claros, sugerindo uma fusão que não o é, já que Adília e Maria José estão acopladas, estabelecendo-se assim uma transferência de energia vital.

Fonte: https://adilialopes.webs.uvigo.gal