A arte de esgrimir no vazio: Normal, anormal e patológico na poesia de Adília Lopes 30 de xuño de 2021
A arte de esgrimir no vazio: Normal, anormal e patológico na poesia de Adília Lopes
Conferência
Os sofrimentos de ordem psíquica são um dos temas recorrentes na poesia de Adília Lopes. A questão é tratada em registro marcadamente crítico ou irônico, quando não de pura invectiva contra profissionais da psiquiatria e da psicanálise, alvos de afrontas desabridas do sujeito poético – como em “a Dr. a Manuela Brazette, ela é que é uma porcalhona” ou “um psiquiatra é um
prostituto” (Dobra, 2014, p. 407 e 408) – ou, ainda, nas alusões aos psicofármacos, seus efeitos adversos no organismo e a displicência com que são prescritos. Os múltiplos sentidos desse intrincado poético que envolve os sofrimentos psíquicos tornam-se mais nítidos quando se busca uma conceitualização acurada de “normalidade” e “anormalidade” a partir da reflexão filosófica de Georges Canguilhem, autor da obra que se tornou referência na epistemologia histórica contemporânea, O Normal e o Patológico. O exame filosófico de Canguilhem nos permite mostrar como a poesia de Adília Lopes opera a questão epistemológica acerca da normalidade, transitando da problematização da saúde mental à constituição da subjetividade.
Fonte: https://adilialopes.webs.uvigo.gal