Gestão d’eco. Cismar o incalculável e contar o resto com Adília Lopes 2 de xul. de 2021
Gestão d’eco. Cismar o incalculável e contar o resto com Adília Lopes
Conferência
Procuraremos perseguir a hipótese de que a poesia de Adília Lopes, locomovida pela iterabilidade de um resto cantante que a faz “dansar assim até ao infinito” (Manhã, Assírio & Alvim, Lisboa, 2015, p. 77), se nutre, e nos nutre, dos “cálculos laboriosos” (“Berloques chineses”, Os namorados pobres, in Dobra, p. 645) ou dos “cálculos babilónicos caseiros” (Estar em casa, p. 66) que contam a distância generosa, “a dar / ar” (cf. O regresso de Chamilly, in Dobra, p. 436), entre o desejo de escrever sem resto (de viver o momento sem monumento, cf. Z/S, p. 45) e o prazer de escrever “apesar de tudo/ a pesar tudo” (Z/S, p. 86), sopesando a unicidade enigmática de um limite incalculável para assim o guardar em perdição – “A poesia / é o perde-ganha” (Le vitrail la nuit. A árvore cortada, in op. cit., p. 581), a “Perda / sobre / perda” (“Marianna e Chamilly”, Caderno, in Dobra, p. 606) –, com o alívio que o poema não sabe dizer (cf. Um jogo bastante perigoso, in op. cit., p. 18) mas deixa contar “Contar a luz é bonito” (Café e caracol, in op cit., p. 661).
Fonte: https://adilialopes.webs.uvigo.gal